EXPOSIÇÃO VIRTUAL
O Bumba-meu-boi de São João da Parnaíba é uma forma de expressão secular, patrimônio cultural, criado e recriado por seus detentores. É brincadeira-espetáculo, dramática-cômica, sonora, gestual, com movimentos, cores e poesias/toadas, que celebra uma cultura híbrida, fluida e dinâmica, uma celebração aos santos do mês de junho (São João, Santo Antônio e São Pedro). Na cidade de Parnaíba e entorno, remonta ao século XVIII, em contexto socioeconômico marcado pela presença de fazendas de criação de gado para o abate e produção do charque para exportação. Trata-se de uma manifestação de resistência e resiliência em tempos de crise da cultura no Brasil. Segundo Benjamim Santos, “Não há mais aquele boi de matadouro e de exportação, mas um Boi de ilusão, que vive, brinca e morre para a cada ano ressuscitar, para brincar de novo pelas ruas da cidade e de novo morrer e outra vez ressuscitar, sempre mais forte e vigoroso, num ciclo mítico de canto e dança”.
Um drama de morte e ressurreição de um boi especial. Ao longo da narrativa há falas e músicas - as toadas, que atravessam a trama, que se passa em uma fazenda onde vive um boi raro, amado pelo seu dono e Amo, por sua filha Sinhazinha, vaqueiros e outros agregados. Um dia, o Pai Francisco (Nego Chico), para atender desejos de sua mulher, Catarina (Catirina), rouba e mata o Boi, arrancando-lhe a língua e dando-a à esposa que satisfaz seus desejos de grávida. Descoberta a maldade de Pai Francisco, a mando do Amo, os vaqueiros o pressionam para confessar o crime e o prendem.
Entre Cordões, Boi, Catrevagem e Tamborzeiros, o Amo constrói e puxa toadas ao som de tambores, maracás, incentiva o batalhão, com seu apito dá o tom.
Na lenda, o Amo é o senhor da Fazenda, dono dos rebanhos. Aquele que nutria um carinho especial por um determinado Boi, que apareceu morto, para seu desespero. Procura ajuda para ressuscitar o animal, chama médico e pajé; investiga sobre quem matou o boi, vítima do desejo de Catirina, mulher de Pai Francisco (Nego Chico). Grávida queria comer a língua do Boi, justamente o Boi que o Amo e sua filha Sinhazinha queriam tanto bem.
Antônio Filho
25 anos
Batista do
Catanduvas
51 anos
Caboclinho
55 anos
Canarinho
54 anos
João Rodrigues
87 anos
Velhos, adultos, jovens, adolescentes, crianças formam o batalhão de brincantes. De várias gerações, são parentes, amigos, vizinhos, estudantes, trabalhadores formais e informais. Representam os personagens, os atores da trama de nascimento, vida, morte e ressurreição do Boi. São personagens reais e míticos: Amo, Catirina, Pai Francisco, Sinhazinha, Doutor, Índias, Caboclos, Miolo do Boi, Pajé, Burrinha, Folharal. Na encenação, o trágico e o cômico dialogam e oferecem o colorido à forma de expressão transmitida de geração em geração.
Kelciane
25 anos
Atravessado por uma linguagem narrativa e visual, onde mito e realidade, sagrado e profano se confundem, a festa do Bumba-meu-boi marca os corpos, que ganham vida e oferecem visibilidade ao ofício e modos de saber-fazer de artesãos e artesãs, em sua maioria brincantes, que usam técnicas e materiais os mais diversos, costuram, bordam, pintam, constroem com maestria o figurino do espetáculo, revelando arte e aprendizado coletivos.
A fabricação da carcaça, da cabeça e do couro do Boi partem de desenhos que são transformados em obras de arte por artesãos e artesãs que fazem a brincadeira acontecer ano a ano.
A sonoridade da brincadeira está no toque do tambor, na batucada, com ritmos acelerado ou mais compassado, a depender da toada, que oferece o tom a cada uma das cenas do espetáculo.
No Piauí, são usados tambores, maracás e apitos. A roncadeira não é mais um instrumento usado como fora em outros tempos. Sons, danças, cores, toadas se mesclam com dor e alegria, morte e vida no terreiro ou na arena de espetáculo.
APITO
TAMBOR
É o personagem principal da brincadeira, do espetáculo, da trama que o envolve atravessada por sua morte e ressurreição. O brincante é o ator, a brincadeira é o espetáculo e o boi o personagem principal, é o brinquedo, cuja fabricação tem se transformado ao longo do tempo.
De armação de papelão, caixa, madeira à metalon, na busca de encontrar um material mais leve e resistente. Um corpo forrado de tecido de estopa ou de espuma, recoberto de veludo preto, bordado de lantejoulas, miçangas e pedrarias. Aquele que dá vida ao boi é o miolo, é ele que o manipula, que o faz dançar, se movimentar entre o batalhão, ser admirado nos terreiros das casas ou na arena de espetáculo.
Boi Brilho da Ilha
Local: Ilha Grande
Presidente: Maria Lúcia da Cruz Aguiar
Boi Lírio do Campo
Local: São José, Parnaíba
Presidente: Luís Carlos Sousa Silva
Boi Novo Fazendinha
Local: Ilha Grande de Santa Isabel, Parnaíba
Presidente: Acrísio João dos Santos
Bumba-meu-boi Rei da Boiada
Local: Catanduvas, Parnaíba
Presidente: João Batista dos Santos Filho
Grupo Cultural Boi Novo Guerreiro
Local: Barro Vermelho, Ilha Grande
Presidente: Pedro Alexandre Maia
Grupo Cultural Estrela Cadente
Local: Conjunto Joaz Souza, Parnaíba
Presidente: Roberto William Rufino de Sousa
ABRÃO, Calil Felipe Zacarias. O meu boi morreu: o ritual de morte do Bumba Boi “Rei da Boiada”. Congresso Internacional de História, 2017, Jataí. Anais do Congresso Internacional de História. Jataí: 2016.
ANDRADE, Mário de. Danças dramáticas do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1982, tomo 1.
BOTTO, Carlos Penna. Meu exílio no Piauhy. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1931.
FERREIRA, Elio. O Bumba-Meu-Boi do Piauí: poesia afro-brasileira, cantigas, gênese, memórias e narrativas de fundação do Boi de Né Preto de Floriano Piauí. Vozes, Pretérito & Devir, ano III, vol. VI, n I (2016). (Dossiê Temático: História, África e Africanidades).
FROTA, Weslley Fontenele. Bumba-meu-boi no palco e na festa: teatro e cultura popular no Piauí, Dissertação (mestrado). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Artes.
2018.
FROTA, Weslley Fontenele. Breve história e etnografia do grupo Novo Fazendinha: o São João Da Parnaíba (PI), seus artistas e bois rivais. Ponto Urbe. Revista do Núcleo de Antropologia Urbana da USP, São Paulo, n. 25, 2019.
FROTA, Weslley Fontenele. O Bumba-meu-Boi de Parnaíba (PI) em diferentes espaços: a rua, a arena e as lives juninas. Urdimento. Revista de Estudos em Artes Cênicas. Rio de Janeiro, v. 2, n. 32, 2020.
SANTOS, Benjamim. Veredas da Meia-Lua. O Boi de São João da Parnaíba. Teresina: Halley, 2019.
Sr. Cafuringa
Boi Lírio do Campo
Sr. Luís Carlos
Antônio Filho
Maria Eduarda Lima
Boi Novo Fazendinha
Sr. João Rodrigues
Aline Bruno
Sra. Socorro Bruno
Sra. Luzinete Bruno
Sr. Acrísio dos Santos
Sr. Honório dos Santos
Sr. Paulo dos Santos
Leandro Bruno
Douglas Bruno
Francisco Bruno
Gilberto Bruno
Boi Brilho da Ilha
Sra. Maria Lúcia
Grupo Cultural Estrela Cadente
Roberto William
Sra. Luzia Fontenele
Sra. Elisa Amaro
Camila Ribeiro
Kelciane Sousa
Grupo Cultural Boi Novo Guerreio
Sr. "Canarinho"
Dieson de Oliveira
Alexandre Maia
Sr. "Caboclinho"
Bumba-meu-boi Rei da Boiada
Batista "do Catanduvas"
SESC | Serviço Social do Comércio
Presidência do Conselho Nacional
José Roberto Trados
Departamento Nacional
Direção-Geral
Carlos Artexes Simões
Diretora de Programas Sociais
Lúcia Prado
Gerência de Cultura
Marcos Rêgo
Departamento Regional
Presidência da Fecomércio - PI e conselhos Regionais do Sesc e Senac PI
Valdeci Cavalcanti
Diretoria do Departamento Regional do Sesc
Francisco Soares Campelo
Diretora de Programas Sociais
Ana Lúcia Oliveira Rocha
Coordenação Regional de Cultura
Hidelgarda Sampaio
Gerência do Centro Cultural Sesc Caixeiral
Amanda Pinho
Analistas em Cultura e em Patrimônio do Centro Cultural Sesc Caixeiral
Jedson Martins, João Carlos Araújo e Lili Machado
Produção Editorial
Consultoria e Produção
Educar Artes e Ofícios
Curadoria
Áurea Pinheiro, Bruna Negreiros e Cássia Moura
Textos
Áurea Pinheiro
Fotografias
Cássia Moura e João Carlos Araújo
Projeto Gráfico e Web Design
Bruna Negreiros
Colaboração Científica
Programa de Pós-graduação em Artes, Patrimônio e Museologia
Universidade Federal do Piauí
Universidade Federal do Delta do Parnaíba
Edição 2021
Educar Artes e Ofícios